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Cabana da Agrobiodiversidade

  • Publicado: Terça, 23 de Janeiro de 2024, 12h59
  • Última atualização em Terça, 23 de Janeiro de 2024, 13h15

No dia 19 de janeiro de 2024, estiveram em Igarapé Açú, nordeste paraense, docentes e estudantes do INEAF, com a finalidade de participarem do evento de inauguração do primeiro Banco de Sementes Crioulas do estado do Pará. O Banco de Sementes, denominado apropriadamente de Cabana da Agrobiodiversidade: sementes da vida, é uma iniciativa do Movimento Camponês Popular (MCP). O objetivo da Cabana da Agrobiodiversidade é resgatar e valorizar as sementes crioulas da região, bem como visibilizar os guardiões e guardiãs de sementes.

Estiveram presentes na cerimônia de inauguração representações de lideranças camponesas de várias partes do Pará (Bragança, Altamira, Paragominas, Salinas Tracuateua, Magalhães Barata, dentre outros municípios), de instituições públicas municipais, estaduais e da União, dentre as quais o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Ministério das Mulheres, Emater, Secretaria de Agricultura do Município de Igarapé-Açu, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade do Estado do Pará (UEPA) e de representações sindicais. Durante a cerimônia ouvimos relatos de pessoas que conservam e protegem as sementes locais. Exemplo disso é um senhor da comunidade Vila Primavera que mantém as sementes de milho (Milho Biquinho), feijão (Folha de Seda) e arroz (Arroz Agulhinha) por mais de 50 anos, já que o mesmo é octogenário e as sementes são herança de seus país e avós.

A diversidade de sementes presentes no ato de inauguração já dá um indicativo do potencial dessa atividade nos próximos anos. A Cabana da Agrobiodiversidade se constitui como um ato de resistência, fomentando a soberania e a segurança alimentar do povo, na medida que incentiva não apenas a conservação, mas a circulação e a popularização das sementes crioulas como forma de garantir a soberania, a proteção ao patrimônio genético e a identidade cultural dos camponeses e camponesas da Amazônia. Diante o avanço avassalador das grandes multinacionais, que trabalham no sentido de estabelecer impérios alimentares ao redor do mundo, a Cabana da Agrobiodiversidade surge como um espaço pedagógico e de produção e proteção do conhecimento tradicional, para trocas de conhecimento entre os camponeses, entre camponeses e acadêmicos, com vistas a sistematizar, valorizar e proteger as sementes da vida, fundamentais à produção da comida saudável com soberania popular e camponesa. Lideranças do MCP, fizeram uma análise pertinente sobre os riscos atuais de perda de autonomia dos camponeses em função do poder que grandes corporações transnacionais têm sobre as sementes, por meio de patentes.

Durante a inauguração, logo a seguir à mesa de abertura, os presentes puderam visitar o espaço da Cabana da Agrobiodiversidade, o qual já contava com um rico acervo de sementes de diversidades etnovariedades de milho, mandioca, macaxeira, arroz, cana-de-açúcar, tomate, feijão, fava, tubérculos, dentre outros. A cabana também funcionará como um espaço de divulgação de variedades importantes que, ao longo do tempo, estão sendo extintas em determinadas regiões, como é o caso da araruta (Maranta arundinacea) e batata ariá (Calathea allouia). O evento contou ainda com atrações culturais, como o carimbó, que embalouos convidados em meio ao ritmo paraense.


Texto: William Assis, Flávio Barros, Deise Lima (FACDES) e Arthur Brito (PPGAA)

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